Lourival Serejo
Muitas pessoas ainda sustentam que a violência deve ser combatida com violência. Bandido bom é bandido morto, dizem. Outras, pedem a pena de morte, a prisão perpétua, o olho por olho.
Essa postura do ódio não contribui em nada para a solução de um problema tão complexo que se exacerba cada vez mais. E não é só no Brasil. Lá no Chile, agora estão pedindo a volta da pena de morte.
Enquanto os diagnósticos despontam para todosos lados, o governo toma medidas superficiais que se esgotam em pouco tempo, sem encontrar a solução que a sociedade reclama.
O Brasil está entre os quatro países que mais prendem no mundo. Estamos com quase oitocentos mil presos e mais de quinhentos mil mandados de prisão para serem cumpridos. Onde colocar tanta gente? A prisão resolverá o problema?
Enquanto isso, os linchamentos continuam sendo praticados por grupos de enraivecidos que não confim mais nas autoridades para reprimir o crime. Querem a justiça imediata, sem julgamento.
Dentre as causas geradoras dessa situação está a falta de empregos. Jovens desempregados e inconformados só encontram amparo e reconhecimento em facções de criminosos, hoje nacionalizadas. É o mesmo fenômeno, com as devidas proporções, que está ocorrendo na Europa, onde jovens da classe média vão incorporar-se às tropas jihadistas, não por ideologia, mas pelo desejo de terem seus anseios individuais atendidos.
E a fraternidade, o que pode fazer para minorar essa desagregação social? Se a tomarmos como atitude, em busca do outro que está precisando, ainda pode contribuir muito. Para sua efetividade, porém, requer a coragem de cada um para despregar-se do seu conforto e despojar-se da intolerância em prol da elevação do próximo.
A fraternidade de que necessitamos é a que, além de um ato de misericórdia, transformou-se em princípio. É a responsabilidade pelo outro. É aquela que sustenta a sociedade fraterna exortadano Preâmbulo da nossa Constituição como propósito donosso Estado Democrático de Direito.
Para praticarmos a autêntica fraternidade convém recorrer à exortação de Rocco Pezzimenti, para "reconhecer no outro uma pessoa que deve ter a nossa mesma dignidade."
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